Mulheres vivem com constantes comparações e carregam “rótulo” de inferiores imposto pela sociedade
Sofia Peregrino
Em: 25.05.2021
Fonte: www.torcedores.com
Ser mulher sempre foi um desafio. Pouca inserção no
mercado, cargos e salários desiguais, além da falta de respeito com os inúmeros
casos de assédio e violência. Esses são alguns dos muitos problemas que
mulheres sofrem todos os dias ao redor do mundo. Avanços importantes estão
sendo conquistados ao longo do tempo, porém ainda há muito a ser feito. Trago
aqui uma reflexão com alguns fatos que ressaltam a necessidade de mudança.
Historicamente, os esportes, principalmente os de
forte contato físico, tiveram seu início sendo praticados somente por homens.
Um fato sempre baseado numa crença de que as mulheres não tinham porte físico
para praticá-los e que esses esportes “masculinizavam” os seus corpos. Apesar
destes conceitos serem provenientes da Grécia Antiga, não precisamos voltar
tanto a “máquina do tempo” para encontrar as consequências originadas por tais
pensamentos.
Durante o período de Ditadura Militar no
Brasil, a legislação proibia que esportes fossem praticados por mulheres, em
1965, o Conselho Nacional de Desportos proibiu a prática de lutas de qualquer
natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo-aquático, pólo,
rugby, halterofilismo e baseball. E durante 40 anos essa foi a realidade
das mulheres brasileiras, até que a vigência de tal decreto fosse revogada em
1983.
Com a globalização permitida pela internet, as
mulheres estão ganhando mais espaço de fala na sociedade e isso tem
“respingado” de forma positiva na indústria esportiva. O futebol, por ser o
esporte mais popular, é o que oferece resultados mais palpáveis. O sucesso da
Copa do Mundo na França em 2019 ou até mesmo a final do Campeonato Paulista
Feminino do mesmo ano são dois ótimos exemplos do que está acontecendo, seja
com uma “fotografia” global ou local desta evolução.
Final do campeonato paulista feminino imagem: corinthians.com.br |
Marta
bateu o recorde da edição da Copa Feminina de 2019 imagem: gazetaesportiva.com |
Maya Moore é uma jogadora da WNBA que tem um currículo invejável. Bicampeã olímpica e campeã mundial pela seleção americana, ela ainda soma quatro títulos da WNBA com o Minnesota Lynx, sendo MVP da liga em 2014 e MVP das finais em 2013. Tudo isso sem falar em suas seis participações no All-Star Game. Porém, logo em seu auge, Maya resolveu dar uma pausa em sua carreira para ajudar um homem que ela acredita ser vítima de um sistema prisional racista no estado do Missouri, onde foi nascida e criada.
Sua iniciativa de pausar a carreira foi com o intuito
de causar impacto. E, de fato, a repercussão tomou proporções maiores fora dos
Estados Unidos. Mas por que Maya teve que dar uma pausa em sua brilhante
carreira para ter sua história ouvida e poder usar a influência para lutar em
prol de uma causa? Todos os títulos que ganhou não foram suficientes?
Bicampeã
olímpica e campeã mundial Maya Moore imagem:pinterest.com |
Mas então, a pergunta que fica é: o que fazer para conseguir minimizar a desigualdade de gênero no esporte?
Primeiro, temos que rever alguns conceitos, começando
pelas comparações entre os gêneros não fazem sentido nenhum. Até porque os dois
não competem entre si oficialmente. Não temos uma Copa do Mundo onde times
masculinos e femininos se confrontam em campo. Por isso, é preciso descartar
opiniões do tipo “Marta nunca seria artilheira se jogasse no masculino”.
O segundo é a valorização das atletas e de suas
conquistas. Para promover o desenvolvimento, é preciso que o interesse de todas
as partes exista. Não só das marcas ao patrocinar clubes e atletas, ou dos
governos que devem incentivar a prática esportiva feminina, mas da
imprensa, que deve e precisa ser um agente transformador da cultura de consumo
dos produtos do esporte.
E se você estiver se perguntando como “meros
espectadores” também podem ajudar neste processo, é simples: incentive o
esporte feminino. Assista aos jogos, dê visibilidade às atletas,
compartilhe notícias sobre mulheres e suas conquistas e, o mais importante,
mostre o respeito que as modalidades femininas merecem.
O consumidor é a alma de qualquer negócio e com o
esporte não é diferente.
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